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Mioma uterino: o que é e como afeta a fertilidade

Mioma Uterino

O mioma uterino é um tumor benigno que se desenvolve a partir do tecido muscular do útero. Mas será que os miomas afetam a fertilidade?

Neste artigo vamos explicar o que são os miomas, como surgem, assim como, perceber se eles afetam ou não a fertilidade. 

O que é um mioma uterino?

 Miomas uterinos, também conhecidos como fibroides uterinos, fibromiomas ou leiomomas, são tumores benignos que crescem no útero. Segundo o Manual MSD, “Por volta dos 45 anos, aproximadamente 70% das mulheres apresentam pelo menos um mioma.”.

A maioria dos miomas são assintomáticos, mas em alguns casos podem crescer a tamanhos consideráveis e causar sintomas significativos, como dor pélvica, aumento da menstruação, sensação de plenitude ou pressão no baixo ventre, e até dificuldades na gravidez.

Existem diferentes tipos de miomas, que são classificados consoante a sua localização no útero. O tipo de mioma mais comum é o intramural, que cresce dentro da parede do útero. Outros tipos de miomas incluem os subserosos, que se desenvolvem na parte externa do útero; e os submucosos, que crescem sob a camada mucosa do útero. Menos comum, mas considerado o mais problemático, é o mioma pediculado, que se apresenta na forma de uma massa extraída do útero, ligado a ele por um “talo”. Iremos abordar os tipos de miomas de forma mais completa mais à frente.

Embora a causa exata do desenvolvimento dos miomas uterinos não seja conhecida, acredita-se que fatores como alterações hormonais (particularmente a ação das hormonas de estrogénio e progesterona), a genética, e certos elementos do estilo de vida desempenhem um papel central. O risco de ter miomas também aumenta com a idade, particularmente durante as idades de fertilidade e pré-menopausa. 

Apesar da sua prevalente ocorrência, a maioria dos casos não requer tratamento a menos que levem a desconfortos ou complicações. 

Tipos de miomas uterinos

Miomas uterinos são tumores benignos que se formam no tecido muscular do útero. Eles são também popularmente conhecidos como fibromas.

Os miomas podem ser classificados em quatro principais tipos de acordo com a sua localização no útero: miomas subserosos, miomas intramurais, miomas submucosos e miomas pediculados.

Mioma subseroso 

É o tipo mais comum de mioma, estes crescem na parte externa do útero, chamada de serosa. Os miomas subserosos raramente causam sintomas, no entanto, quando são grandes podem causar sangramento e e dores/desconforto abdominal.

Miomas intramurais

Os miomas intramurais crescem no músculo do útero, chamado miométrio (camada média da parede uterina), e são o segundo tipo mais comum de mioma. Eles podem causar menstruações pesadas ou prolongadas e dor pélvica. Na maioria dos casos, os miomas intramurais é resultado de um desequilíbrio nos níveis hormonais, principalmente de estrogénio, que provocam uma multiplicação desordenada das células do tecido muscular uterino.

Mioma submucoso

Um mioma submucoso é um tipo de tumor benigno que se desenvolve na camada mais interna do útero, conhecida como endométrio. O crescimento deste tipo de mioma ocorre na camada mais próxima da cavidade uterina e pode causar sangramento menstrual intenso, com períodos longos e causar problemas de fertilidade. Iremos abordar mais à frente como os miomas afetam ou não a fertilidade.

Os miomas submucosos podem variar em tamanho e quantidade, podendo ser únicos ou múltiplos.  O tratamento para mioma submucoso pode variar dependendo dos sintomas, idade da paciente, desejo de engravidar e outros fatores.

Miomas pediculados 

Este tipo de mioma, cresce num pequeno “caule” ligado ao útero. Eles são normalmente pequenos e podem causar dor se o “caule” do mioma se torcer.

Os miomas pediculados são caracterizados por serem miomas subserosos (localizados na camada externa do útero- endométrio) que possuem um pedículo ou haste fina que os conecta ao útero. O pedículo é uma estrutura semelhante a um talo que conecta o mioma ao útero. Essa haste pode ser longa ou curta, e é responsável por fornecer sangue ao mioma através de vasos sanguíneos. A presença do pedículo permite que o mioma pediculado se mova livremente e possa se projetar para fora da superfície do útero.

O facto de os miomas pediculados serem móveis, devido à presença do pedículo, o mioma pode girar ou torcer em torno de si mesmo. Essa torção pode causar sintomas intensos, como dor abdominal súbita e aguda, náuseas, vómitos e febre. A torção do pedículo pode obstruir o fluxo sanguíneo para o mioma que requer uma atenção médica urgente.

O desenvolvimento de um tipo de mioma ou de outro depende de vários fatores e varia de mulher para mulher. Contudo, todos os tipos de miomas uterinos são tratáveis. O tratamento vai depender do tamanho, da localização e dos sintomas gerados pelo mioma uterino. É importante ter um acompanhamento médico para que a melhor estratégia de tratamento possa ser estabelecida para cada caso. 

Mioma uterino - Tipos de Miomas
Tipos de Miomas Uterinos

Como se forma um mioma uterino?

O mioma uterino é um tipo de tumor benigno que se forma no útero da mulher, sendo mais comum ao longo do período reprodutivo. Ainda que as causas exatas da formação de um mioma uterino não sejam totalmente conhecidas, sabe-se que alguns fatores determinados podem influenciar no seu desenvolvimento.

O processo de formação do mioma ocorre quando uma única célula do útero começa multiplicar-se descontroladamente, crescendo e formando uma massa distinta, dura e compacta. Acredita-se que as hormonas femininas, especialmente o estrogénio, têm um papel importante na formação dos miomas.

Outros fatores que podem influenciar na formação de um mioma uterino são a hereditariedade, a alimentação e o stresse. As mulheres que possuem histórico familiar de miomas uterinos têm um risco maior de vir a desenvolvê-los. Uma dieta rica em carne vermelha e gorduras também pode aumentar o risco de desenvolver os miomas. O stresse também pode ter um impacto negativo na saúde hormonal das mulheres, levando ao desenvolvimento de miomas. 

Sintomas dos miomas uterinos

Na maioria dos casos, o mioma uterino é assintomático, ou seja, não apresenta sinais ou sintomas. No entanto, uma pequena parcela das mulheres pode manifestar alguns sintomas; por isso, é necessário estar atenta aos sinais.

Os principais sintomas de mioma uterino são: menstruações abundantes ou prolongadas, sangramento entre as menstruações, pressão ou dor na pelve, dificuldades para esvaziar a bexiga, obstipação e dor nas costas ou nas pernas.

Em situação mais grave, o mioma uterino pode levar a complicações na gravidez e até mesmo a infertilidade, dificultando a possibilidade de a mulher engravidar.

Os miomas também podem ter um impacto na gravidez, existem casos em que as mulheres com mioma uterino têm um parto prematuro devido ao posicionamento do mioma dentro do útero, aborto espontâneo, sangramento excessivo durante o parto.

Portanto, é imprescindível realizar exames regulares e seguir as orientações médicas, mesmo se o mioma for assintomático, para monitorizar o seu crescimento e tomar as medidas necessárias para preservar a saúde uterina.

Diagnóstico do mioma uterino

O diagnóstico do mioma uterino é geralmente descoberto durante um exame pélvico de rotina. O médico pode sentir uma formação irregular na área do útero, indicando a presença do mioma. Além disso, a suspeita do mioma uterino também pode ser conduzida por sintomas como sangramento vaginal, dor pélvica, dor durante o sexo ou complicações na gravidez e no parto.

Uma vez suspeitado, exames realizados para confirmar a presença do mioma incluem exames de imagem para visualizar a cavidade uterina. Estes podem incluir ultrassonografia transvaginal, onde um pequeno transdutor é inserido na vagina para capturar as imagens do útero; exames de ressonância magnética, que podem fornecer imagens mais detalhadas do tamanho e localização dos miomas; e histerossalpingografia (exame radiológico com controlo por fluoroscopia (em tempo real) que permite visualizar as trompas de Falópio e a cavidade uterina) ou sonohisterografia, que envolvem a injeção de líquido ou ar no útero para torná-lo mais visível durante o procedimento de imagem.

Quando necessário, um exame conhecido como histeroscopia pode ser realizado: uma pequena lente de visualização é inserida através do colo do útero, permitindo ao médico olhar diretamente a cavidade uterina. Muitas vezes, é necessária uma amostra de tecido para biópsia para distinguir entre tumores benignos, como miomas, e possíveis tumores malignos. O diagnóstico e tratamento do mioma uterino é crucial para garantir a saúde reprodutiva das mulheres.

 Tratamento do mioma uterino

O tratamento dos miomas uterinos é determinado de acordo com diversos fatores, como o tamanho do mioma, a sua localização, e se a mulher ainda está em idade reprodutiva e deseja engravidar, a gravidade dos sintomas e a proximidade da menopausa.

Em muitos casos, o mioma uterino é assintomático, ou seja, não apresenta sintomas, sendo descoberto apenas durante exames de rotina. No entanto, em outros casos, eles podem causar sintomas como sangramento menstrual pesado, dor pélvica, obstipação e inchaço abdominal.

Quando o mioma uterino apresenta sintomas, o tratamento pode ser indicado. Dentre os métodos de tratamento, a miomectomia é um dos mais utilizados. A miomectomia é um procedimento cirúrgico que remove o(s) mioma(s) do útero, sem remover o próprio útero. Este procedimento é geralmente indicado para mulheres que desejam engravidar no futuro, ou que desejam manter o seu útero por outros motivos pessoais.

Em alguns casos, dependendo do tamanho e da localização dos miomas, uma histerectomia (remoção do útero) pode ser indicada.

Existem também opções de tratamento não-cirúrgico, que são utilizadas quando os miomas não causam sintomas graves ou se a paciente está próxima da menopausa (já que os miomas tendem a diminuir com a diminuição dos níveis de estrogénio). Estas opções incluem o uso de medicamentos que ajudam a aliviar os sintomas ou que tentam reduzir o tamanho dos miomas, e procedimentos como a embolização das artérias uterinas – que reduz o fluxo sanguíneo para o mioma, levando-o a  reduzir o tamanho.

O tratamento para os miomas uterinos pode variar de mulher para mulher tentando sempre preservar a qualidade de vida da mesma.

Qual a incidência dos miomas uterinos?

Os miomas uterinos são tumores não cancerígenos que se desenvolvem no útero durante os anos de idade reprodutiva de uma mulher. Estes tumores são comumente observados em mulheres em idade reprodutiva, principalmente entre 30 e 50 anos. 

Segundo o Consenso Nacional sobre Miomas Uterinos de 2017 da Sociedade Portuguesa de Ginecologia “A verdadeira incidência é desconhecida dado que muitas mulheres são assintomáticas. Estima-se, no entanto, que a sua incidência varie entre 5 e 80% dependendo da idade e da raça, com uma prevalência de 20-40% nas mulheres em idade reprodutiva e de 70-80% aos 50 anos”.

Miomas uterinos prejudicam a fertilidade?

Os miomas uterinos são tumores não cancerígenos que se desenvolvem no útero, especificamente na camada muscular do útero. Em muitos casos, a presença de um mioma uterino pode não causar nenhum sintoma e, portanto, a mulher pode nem saber que o tem.

No entanto, em alguns casos, os miomas podem causar sintomas graves e complicações na fertilidade da mulher e até na gravidez e pós-parto. Os miomas podem interferir significativamente na fertilidade de uma mulher.

Vários estudos têm demonstrado um vínculo entre a presença de um mioma uterino e a diminuição da fertilidade. O mioma pode afetar a fertilidade de várias maneiras, incluindo alterar a forma do útero, bloquear as trompas de falópio, afetar a qualidade dos óvulos e interferir com a implantação do embrião no útero.

Além disso, os miomas também podem aumentar o risco de complicações durante a gravidez, como aborto espontâneo, parto prematuro e posição fetal anormal. Estes fatores contribuem para uma diminuição geral na taxa de fertilidade entre as mulheres que têm miomas uterinos.

A relação dos miomas com a infertilidade feminina varia de acordo com a sua  localização.  Os miomas intramurais (localizados no miométrio) podem interferir na fertilidade, especialmente quando são grandes, pois podem alterar a anatomia do útero, diminuindo as hipóteses de ter uma gestação bem-sucedida. Além disso, eles podem causar sangramentos e aumentar o risco de abortos espontâneos, além de dificultar a implantação do embrião.

Os miomas submucosos (localizados no endométrio) são ainda mais frequentemente ligados a casos de infertilidade devido à proximidade do tumor com o endométrio. Essa condição pode levar a aborto espontâneo, dificuldades da implantação do embrião tanto na gestação natural quanto na reprodução medicamente assistida.

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lpereira

Licenciada em enfermagem desde 2009, com uma vasta experiência na área em vários países, como: Portugal, França e Suíça. Mãe de uma menina desde 2018, os desafios da maternidade e a minha paixão pela escrita motivou-me a partilhar os meus conhecimentos e experiências com outras mães e com futuras mamãs.