Gravidez

O impacto da Síndrome do Ovário Poliquístico na Fertilidade

Síndrome de Ovário Poliquístico

A Síndrome do Ovário Poliquístico (SOP) é uma condição hormonal comum que afeta cerca de 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Uma das grandes preocupações das mulheres com Síndrome Ovários Poliquísticos é se afeta a Fertilidade.

A SOP está frequentemente associada à infertilidade, ao aumento do risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, assim como, um maior risco de desenvolver cancro do endométrio em idade precoce.

Neste artigo, vamos esclarecer algumas dúvidas sobre a relação entre a síndrome do ovário poliquístico e a infertilidade e o que as mulheres em idade reprodutiva podem fazer para aumentar probabilidade de engravidar.

O que é a Síndrome do Ovário Poliquístico?

A Síndrome do Ovário Poliquístico (SOP) é uma alteração endócrina que pode causar anovulação crónica (ausência da ovulação), além de manifestações clínicas de hiperandrogenismo (aumento dos níveis de hormonas masculinas no corpo da mulher) e formação de quistos ovarianos.

A SOP é caracterizada por sintomas como períodos menstruais irregulares ou ausentes, crescimento excessivo de pelos, acne, obesidade e resistência à insulina.

Esta condição associa-se frequentemente à infertilidade feminina.

Síndrome de Ovário Poliquístico

Imagem retirada de wikimedia Commons

Causas da Síndrome do Ovário Poliquístico

As causas da Síndrome do Ovário Poliquístico são ainda desconhecidas. Acredita-se que a componente genética e hormonal podem ser agravados pelo estilo de vida da mulher.

Existem alguns fatores que podem aumentar a predisposição de desenvolver este síndrome, tais como:

  1. Desequilíbrio hormonal: A SOP está frequentemente associada a um desequilíbrio hormonal que resulta num aumento da produção de andrógenos pelos ovários (hormonas masculinas). Esse desequilíbrio pode ser influenciado por fatores genéticos, ambientais e metabólicos.
  2. Resistência à insulina: A resistência à insulina é um distúrbio metabólico que pode levar à produção excessiva de insulina pelo corpo. Por sua vez, pode estimular os ovários a produzirem mais andrógenos (hormonas masculinas), o que pode levar a um aumento do risco de desenvolver SOP.
  3. Fatores genéticos: A SOP pode ser causada por uma predisposição genética, sendo mais comum em mulheres com histórico familiar deste síndrome.
  4. Estilo de vida: Acredita-se que o estilo de vida sedentário, uma alimentação inadequada e obesidade podem aumentar o risco de desenvolver SOP.

Sintomas de Síndrome do Ovário Poliquístico

Os sintomas da síndrome do ovário poliquístico podem variar de mulher para mulher. Em algumas mulheres os sintomas são mais leves e noutras podem ser mais intensos. Entre os sintomas mais comuns temos:

  1. Ciclos menstruais irregulares,
  2. Amnorreia (ciclo menstrual ausente) ou Oligomenorreia (menstruação pouco frequente),
  3. Pele oleosa e acne,
  4. Queda de cabelo,
  5. Hirsutismo (excesso de pelo em zonas pouco comuns para as mulheres, como o queixo, pescoço, tórax),
  6. Excesso de peso,
  7. Infertilidade.

Diagnóstico

O diagnóstico da síndrome do ovário poliquístico é feito através da avaliação da história clínica e dos sintomas, assim como de uma ecografia pélvica. Em alguns casos o médico/obstetra pode ainda solicitar análises de sangue para confirmar os valores hormonais.

Normalmente o diagnóstico é confirmado se a mulher apresentar pelos menos dois destes sintomas:

  • Oligomenorreia (menstruação pouco frequente) ou ausência de ovulação (anovulação);
  • Sinais clínicos e/ou laboratoriais hiperandrogenismo (aumento das hormonas masculinas);
  • Ecografia pélvica demonstre ovários poliquísticos e estejam excluídas outras doenças que justifiquem.
Aparência do ovário na ecografia com SOP
Imagem de Ecografia a mulher com Síndrome de Ovário Poliquístico

Como a Síndrome do Ovário Poliquístico afeta a fertilidade?

A Síndrome do Ovário Poliquístico é uma das principais causas de infertilidade nas mulheres. Os ovários produzem muitos folículos pequenos, mas nenhum se desenvolve completamente ou ovula. Isso pode resultar em ciclos menstruais irregulares ou ausentes, além de dificuldade para engravidar.

Mulheres com SOP normalmente têm níveis mais altos de hormonas masculinas, como a testosterona, o que pode interferir na ovulação. Além disso, o aumento da produção de insulina, comum em mulheres que sofrem deste síndrome, pode afetar negativamente a fertilidade, pois interfere no equilíbrio hormonal.

A ovulação irregular ou a ausência dela, pode dificultar a conceção, pois a ovulação é necessária para ocorrer a fertilização. Mulheres com Síndrome de Ovário Poliquístico também têm maior risco de desenvolver problemas como endometriose e obesidade, que podem afetar ainda mais a fertilidade.

No entanto, é importante lembrar que nem todas as mulheres com SOP têm problemas de fertilidade e muitas podem conceber com o tratamento adequado. As opções de tratamento incluem medicamentos para estimular a ovulação, cirurgia para remover os quistos dos ovarios e mudanças no estilo de vida, como perda de peso e atividade física regular.

Além disso, as mulheres que sofrem de SOP e conseguem engravidar têm maior risco de desenvolver complicações na gravidez, como: Diabetes Gestacional, Hipertensão, Aborto espontâneo e Pré-eclâmpsia.

Segundo um artigo da Acta Médica Portuguesa: “A infertilidade pode estar presente em 70%das mulheres com SOP e, entre as inférteis, a SOP pode ser considerado o fator causal de 30% dos casos de infertilidade”.

É recomendável que as mulheres com SOP que desejam engravidar consultem um médico especialista em fertilidade para obter um plano de tratamento personalizado.

Tratamento da Síndrome do Ovário Poliquístico

Apesar de a SOP não ser completamente reversível, existem alguns tratamentos que podem ajudar a minimizar os sintomas. O tratamento vai sempre depender dos sintomas que a mulher apresenta, assim como, dos objetivos da mesma quanto ao querer ou não engravidar.

O tratamento geralmente visa controlar os sintomas e reduzir o risco de problemas de saúde associados à condição, como a diabetes e doenças cardíacas. Para as mulheres que desejam engravidar, o objetivo do tratamento é estimular a ovulação e melhorar a fertilidade.

Deixamos aqui algumas opções de tratamento que o seu médico/obstetra pode recomendar:

  • Mudanças no estilo de vida: Mudanças no estilo de vida podem ajudar a controlar os sintomas da SOP e melhorar a fertilidade. Isso pode incluir a perda de peso, atividade física regular e uma dieta saudável e equilibrada.
  • Medicamentos para controlar os sintomas: anticoncepcionais, metformina e antiandrogênios podem ajudar a controlar os sintomas da SOP, como acne, excesso de pelos e irregularidade menstrual. Estes são uma opção para mulheres que não pretendem engravidar.
  • Indução da ovulação: Mulheres que sofrem deste síndrome e que desejam engravidar podem ser prescritas medicamentos que ajudam a estimular a ovulação, como o citrato de clomifeno e a gonadotrofina coriônica humana (hCG).
  • Cirurgia: A cirurgia pode ser uma opção para mulheres seu sofrem deste síndrome e que não respondem positivamente aos tratamentos medicamentosos ou que apresentam quistos ovarianos grandes. A laparoscopia pode ser usada para remover os quistos e para melhorar a fertilidade.

Tratamentos para melhorar a fertilidade em mulheres com SOP

Existem várias abordagens que podem ser tomadas para melhorar a fertilidade em mulheres com SOP. Algumas dessas abordagens incluem:

  • Mudanças no Estilo de vida: Adotar um estilo de vida saudável é fundamental para melhorar a fertilidade. Isso inclui manter uma dieta equilibrada, praticar exercícios regularmente, dormir o suficiente e evitar o stresse.
  • Perda de peso: Muitas mulheres com SOP sofrem de obesidade ou estão em sobrepeso, para melhorar a fertilidade é importante que a mulher perca peso e opte por um estilo de vida saudável. A perda de peso apenas 5 a 10% do peso corporal pode levar a uma ovulação mais regular e aumentar a probabilidade de engravidar.
  • Recurso a Medicamentos: procure ajuda de médico especialista em fertilidade, que poderá prescrever-lhe alguns medicamentos para estimular a ovulação, como, por exemplo, o citrato de clomifeno, que é o medicamento mais comummente usado para esse fim. Outros medicamentos, como a metformina, podem ser prescritos para melhorar a resistência à insulina e equilibrar as alterações hormonais.
  • Tratamentos de reprodução medicamente assistida: Em casos em que os tratamentos acima não são bem-sucedidos, os médicos podem sugerir tratamentos de reprodução assistida, como a inseminação intrauterina (IIU) ou a fertilização in vitro (FIV).

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Sobre o autor
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lpereira

Licenciada em enfermagem desde 2009, com uma vasta experiência na área em vários países, como: Portugal, França e Suíça. Mãe de uma menina desde 2018, os desafios da maternidade e a minha paixão pela escrita motivou-me a partilhar os meus conhecimentos e experiências com outras mães e com futuras mamãs.