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Asperger e Autismo: Quais as diferenças?

Asperger e Autismo

A síndrome de Asperger e autismo podem ser muitas vezes confundidas. Mas afinal quais são as diferenças destes distúrbios neurológicos que afetam o desenvolvimento da criança?

Apesar de terem sintomas muito semelhantes, a síndrome de Asperger e Autismo são quadros diferentes de Perturbação do Espectro Autista (PEA).

Neste artigo vamos explicar o que é a Asperger e Autismo e as diferenças entre estes dois tipos de perturbação do desenvolvimento, assim como, fornecer algumas dicas para detetar precocemente.

O que é Autismo?

O autismo é um distúrbio neurológico complexo que afeta o desenvolvimento do cérebro e afeta a maneira como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. É caracterizado por desafios na comunicação, na interação social e na presença de padrões de comportamento restritivos e repetitivos.

As características do autismo podem variar significativamente de pessoa para pessoa. Algumas crianças com autismo apresentam dificuldades graves em várias áreas, enquanto outras podem ter habilidades mais desenvolvidas em determinados aspetos. Essa variação é uma das razões pelas quais é denominado “Perturbação do Espectro do Autismo”, indicando uma ampla gama de sintomas e níveis de gravidade.

Sinais de Autismo

Os sinais de autismo podem começar a ser percetíveis nos primeiros meses de vida. No entanto, é importante ressaltar que o diagnóstico de autismo geralmente é realizado após os 2 anos de idade, quando os sintomas se tornam mais evidentes e o desenvolvimento social e comunicativo se torna mais observável.

 Alguns sinais comuns de autismo incluem:

  • Atraso ou ausência de fala,
  • Dificuldade em iniciar ou manter conversas,
  • Uso repetitivo e estereotipado da linguagem,
  • Dificuldade em entender e expressar as emoções (como, por exemplo: não sorrir),
  • Dificuldade de interação social e de fazer amigos,
  • Evita contacto visual,
  • Falta de reciprocidade social e dificuldade em compreender as emoções dos outros,
  • Comportamentos sociais incomuns ou inadequados,
  • Interesses intensos e restritos em determinados assuntos,
  • Adesão rígida às rotinas e resistência às mudanças,
  • Movimentos corporais repetitivos, como balançar as mãos ou bater as pernas.

Além desses principais sintomas, o autismo também pode estar associado a comorbidades, como perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA), ansiedade, depressão e dificuldades sensoriais, como hipersensibilidade ao som ou ao toque.

O que é Síndrome de Asperger?

A síndrome de Asperger é uma Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) mas mais leve que o autismo. As crianças com síndrome de Asperger enfrentam desafios nas áreas da comunicação, interação social e comportamento, que são características do PEA. 

Geralmente têm habilidades de linguagem bem desenvolvidas e um bom funcionamento cognitivo, no entanto, podem apresentar dificuldades em outras áreas, como a compreensão de metáforas ou expressões faciais.

Segundo a National Autistic Society: “As pessoas com síndrome de Asperger veem, ouvem e sentem o mundo de maneira diferente das outras pessoas.”

A síndrome de Asperger é mais comum que o Autismo e pode afetar, 20 a 25 por cada 10 mil crianças.

Sinais da síndrome de Asperger

Os sinais de Asperger geralmente se tornam percetíveis na infância, embora em alguns casos possam ser identificados mais tarde. Aqui ficam alguns dos principais sinais de alerta:

  1. Dificuldades na interação social: As crianças com síndrome de Asperger podem ter dificuldade em iniciar ou manter conversas, interpretar as expressões faciais e o tom de voz dos outros, compreender as normas sociais não verbais (como contacto visual ou gestos) e estabelecer relacionamentos significativos.
  2. Temas de interesse bem marcados:  tendem a desenvolver interesses altamente focalizados e absorventes em áreas específicas, como matemática, ciências, música ou história, e podem passar horas a pesquisar e aprender sobre esses tópicos. 
  3. Comportamentos repetitivos ou estereotipados: Crianças com síndrome de Asperger podem exibir padrões repetitivos de comportamento, movimentos motores ou fala, como balançar o corpo, bater as mãos ou repetir palavras ou frases.
  4. Sensibilidades sensoriais: Algumas pessoas com síndrome de Asperger podem ser hipersensíveis ou hipossensíveis a estímulos sensoriais, como luz, som, cheiro ou textura. Elas podem se sentir incomodadas com ruídos altos, etiquetas em roupas ou certos alimentos devido a essas sensibilidades.
  5. Dificuldades de comunicação não verbal: Pode haver dificuldade em compreender e usar expressões faciais, linguagem corporal e gestos. A comunicação pode ser mais literal e a compreensão de sarcasmo, ironia ou metáforas pode ser desafiadora.
  6. Padrões de pensamento e discurso altamente lógicos:  As pessoas com síndrome de Asperger tendem a pensar e se comunicar de forma muito lógica e literal, com dificuldade em entender ou usar linguagem figurativa, ou abstrata.
Asperger e Autismo

Quais as principais diferenças entre Asperger e Autismo?

Asperger e Autismo são termos que foram historicamente usados para descrever diferentes condições dentro do espectro autista. No entanto, com a revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais (DSM-5) em 2013, o diagnóstico de síndrome de Asperger foi incorporado dentro do espectro autista, e agora é considerado parte da Perturbação do espectro autista (PEA). Portanto, tecnicamente falando, o termo “síndrome de Asperger” não é mais usado como um diagnóstico separado.

No entanto, ainda é comum que as pessoas se refiram ao perfil de funcionamento anteriormente descrito como síndrome de Asperger para diferenciá-lo de outros perfis dentro do espectro autista. É importante ressaltar que as características e diferenças entre asperger e autismo podem variar de pessoa para pessoa, e o grau de impacto e manifestação dos sintomas também pode ser diferente.

Dito isto, as principais diferenças que são geralmente observadas entre a síndrome de Asperger e autismo clássico é a intensidade, gravidade e profundidade dos sintomas. Embora ambos sejam transtornos do desenvolvimento que podem afetar a interação social, a Asperger é frequentemente considerada menos severa.

Aqui ficam algumas das principais diferenças entre a Asperger e Autismo:

  1. Desenvolvimento da fala: As pessoas com Asperger geralmente desenvolvem habilidades de fala num ritmo considerado normal e podem não apresentar atrasos significativos na aquisição da linguagem, no entanto, no autismo clássico podem ter atrasos na linguagem ou não desenvolverem linguagem verbal.
  2. Inteligência e habilidades cognitivas: na síndrome de Asperger as crianças geralmente apresentam um desenvolvimento cognitivo típico e podem ter um nível de inteligência dentro ou acima da média. No entanto, no autismo, a variação de habilidades cognitivas é maior, variando desde deficiência intelectual até habilidades cognitivas médias ou acima da média.
  3. Interesses restritos e intensos: Os interesses específicos e intensos são comuns tanto na síndrome de Asperger quanto no autismo, mas os indivíduos com síndrome de Asperger podem ter um foco maior em tópicos específicos e tornarem-se especialistas nesses temas.

Como é feito o diagnóstico de Asperger e Autismo?

O diagnóstico de Asperger e Autismo, é baseado na história e observação do comportamento da criança, avaliações de desenvolvimento e entrevistas estruturadas efetuadas por profissionais especializados. Para chegar a um diagnóstico preciso, é necessário integrar informações da história da criança e história familiar, em conjunto com observações clínicas e testes de desenvolvimento específicos. O processo de diagnóstico geralmente envolve várias etapas:

  1. Avaliação clínica: efetuada por uma entrevista clínica detalhada com a pessoa em questão, bem como com os pais ou responsáveis, para obter informações sobre o histórico de desenvolvimento, comportamento, habilidades sociais, comunicação, interesses e sintomas atuais. Essa avaliação também pode incluir questionários padronizados preenchidos pelos pais, professores ou outros profissionais que observam a criança no ambiente escolar.
  2. Observação direta: O profissional de saúde pode observar diretamente o comportamento da pessoa, interações sociais, comunicação e padrões de interesse. Essas observações podem ocorrer no consultório médico ou no ambiente natural para a criança, na escola ou em outros ambientes relevantes.
  3. Avaliação psicológica: Em alguns casos, uma avaliação psicológica mais abrangente pode ser realizada para avaliar habilidades cognitivas, linguísticas, emocionais e adaptativas. Isso pode envolver testes psicológicos e avaliações específicas, dependendo das necessidades individuais.
  4. Avaliação do desenvolvimento

É importante mencionar que o diagnóstico de PEA é baseado em critérios específicos definidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ou pela Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que são os principais sistemas de classificação usados ​​pelos profissionais de saúde mental.

É procurar um profissional qualificado para realizar o diagnóstico, pois ele considerará a avaliação abrangente das características e sintomas específicos apresentados pela pessoa, garantindo uma abordagem individualizada e apropriada para o tratamento e apoio necessários.

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lpereira

Licenciada em enfermagem desde 2009, com uma vasta experiência na área em vários países, como: Portugal, França e Suíça. Mãe de uma menina desde 2018, os desafios da maternidade e a minha paixão pela escrita motivou-me a partilhar os meus conhecimentos e experiências com outras mães e com futuras mamãs.